Dizer Poesia



As quadras que se seguem, da autoria de António Lopes Ribeiro, são a descrição, um tanto engraçada, duma festa de aldeia, em que a Procissão em honra do santo padroeiro era o acontecimento mais notório do dia.
Estes velhos e inocentes hábitos da vida rural vão-se perdendo com o chegar dos tempos modernos, que trouxeram às populações outros motivos e novos interesses, nem sempre os mais aconselháveis.

Letra: António Lopes Ribeiro Intérprete: João Villaret


Procissão – Festa na aldeia

Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passar a procissão.

Mesmo na frente, marchando a compasso
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó...
Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Olha os irmãos da nossa confraria
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!
Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas
Parecem anjos que vieram do Céu!
Com o calor, o Prior vai aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.

António Alfredo, Turma 7, 3º Ano - 10/04/2008

1 comentário:

António Alfredo disse...

Tentei, por várias vezes, adicionar o vídeo referente a esta poesia, mas tal não possível.
A. Alfredo