SESSÕES TEMÁTICAS 12 E 13


Após a abordagem à diversidade de competências envolvidas na produção textual, em particular as competências gráfica, ortográfica e de textualização, passámos à construção de textos de diferentes géneros discursivos, com vista a proporcionar a descoberta e a utilização de funções diversificadas da linguagem escrita.
Sugerimos uma série de exercícios, tendo como principal objectivo, levar os colegas a escreverem de forma mais livre, mais desenvolta, mais criativa. O produto final não é importante, o mais importante é o trajecto que se descobriu, o vocabulário que se alargou, o imaginário que foi explorado, o mais importante é o processo.
Como referem Santos e Serra (2007:182)) “A criatividade é algo que todos podemos utilizar.(…) é como se estivéssemos a trabalhar um músculo. Quanto mais o exercitarmos, mais eficiente se torna, mais forte fica, mais capaz de se adaptar a mudanças e desafios.”
Propusemos diversos exercícios:
1- Escrever com cores: escrever no início de cada linha o nome de uma cor. À frente de cada cor, escrever o que ela sugere ; fechar o texto com uma frase-síntese e dar-lhe um título.
O Azul é:
A cor das ondas do mar, do céu, dos olhos da menina, das crianças a brincar, das borboletas a voar, dos montes, dos lagos, das águas límpidas, dos sonhos, das fantasias, da liberdade, da solidão, do ciúme, do infinito, do frio…infelizmente é a cor do Porto.
(Teodoro, Ana, Filomena, Anunciação)

Amarelas… são as cascas dos limões, as pétalas dos girassóis, as estrelas, as gemas dos ovos e as caras dos formandos do PNEP a esta hora da noite…
(António Alfredo, Helena, Fernando, Deolinda)

2- Partituras à mistura: escolher vários sons feitos por objectos que tenham à mão; pensar que histórias podem contar com esses sons; escolher uma cor diferente para cada som; escrever a história, pondo, numa linha por cima do texto, a banda sonora em gráfico.

O João tentou abrir o ZZZZZ cinzento da mala e não conseguiu.
Lá dentro ouviu um som TTT muito ténue, amarelo pálido.
Curioso pegou na TCHC TCHC verde esperança e tentou desencravar o ZZZZZ cinzento.
Quando se debruçou sobre a mala ouviu as TLITLITLI prateadas que julgava perdidas e sorriu. Foi então que os ruídos TCTCTC nervosos e vermelhos se intensificaram dentro da mala e lá de dentro Vvvvv saiu a esvoaçar trôpego, um pássaro já meio roxo.

(António Alfredo, Helena, Fernando, Deolinda)

3- Literatura deficional: num curto texto – uma frase apenas – substituir todas as palavras lexicais, pela sua definição encontrada no dicionário.

Frase distribuída:
“A ortografia é um problema que surge todos os dias, no início da aprendizagem da escrita.”
Depois da consulta do dicionário:
“ A forma correcta de escrever as palavras é uma coisa difícil de resolver, que ocorre diariamente, no princípio da aquisição da leitura.”

4- Definições muito próprias: formular definições muito próprias de realidades abstractas…

O céu é…
…o limiar da eternidade.
…o espaço infinito onde giram os astros.
…o lugar onde vivem os sonhos.
…o limite dos audazes.

5- Anagrama: Escrever os nomes próprios de cada elemento do grupo; descobrir que frase se pode fazer com todas as letras dos nomes.

ANTONIO HELENA FERNANDO DEOLINDA

“NON” HÁ LEITE DO DIA NA DONA FERNENOL.

6- A partir de uma imagem de Marc Chagall, foi pedido aos grupos para produzirem: um texto descritivo, um texto informativo e um opinativo.
Texto descritivo:
Nesta imagem vemos, em primeiro plano, uma cabra e um rosto humano, de perfil, que lhe dá uma planta.
Ao longe, vemos uma pequena aldeia com uma igreja.
Um homem dirige-se para um trabalho campestre.
Ouvem-se os sinos que tocam e sente-se o cheio do leite.
A cabra está a ser ordenhada para alimentar o homem/divindade.
(Helena, Teodoro, Anabela, Fernando, Drª Dina)

7- Anagrama : a partir de grupos de letras dadas, descobrir quantas palavras se podem escrever com essas letras (sem repetir nem deixar nenhuma de fora); escrever o texto mais curto que se conseguir, usando essas palavras sem as modificar.

PRTOA
parto - prato - trapo - porta - tropa - topar - rapto - optar - potra

Parto o prato na porta da tropa ao optar por topar o rapto do trapo da potra.
(Helena, Teodora, Fernando, Anabela, Drª Dina)

CSTOA
Costa - tosca - casto - tacos - cotas - tocas - actos - tasco

Costa Casto pegou nos tacos, em actos irreflectidos foi ao tasco ver os cotas nas tocas e apaixonou-se pela tosca.
(Ana, Anunciação, Natividade, Maria Augusta)

SCOA
soca - caso - saco - cosa - ocas - caos - coas – asco
Ocas e asco quando côas pelo saco a água da soca. Fica o caos caso cosa na máquina.
(Olímpia, Deolinda, Rogério, Cecília)

8- Estragar para … fazer melhor: escolher uma história tradicional; recontar a história escolhida, de forma chata, ou com suspense, ou mais confusa, ou mais difícil…

Conto tradicional camuflado (A cigarra e a formiga)
Ei-los que partem, novos e velhos… em busca de novas oportunidades.
A Europa é o destino sazonal de alguns portugueses. Buscam a Suíça, a Alemanha, o Luxemburgo, Andorra, França e Reino Unido, à procura do trabalho temporário que esses países têm disponibilizado nos últimos tempos para os estrangeiros.
Vários portugueses têm aproveitado esta oportunidade considerando-a uma mais valia para os seus recursos económicos, sentindo-se perfeitamente integrados nos países que os recebem. Outros não vão à luta…
A rotina instala-se, a vida fácil e preocupada é o seu quotidiano, os concertos enchem e o trabalho cansa.
Uma vida sem ideais, sem esforço e trabalho produtivo desembocam no queixume, na mágoa e na subsidiodependência, tão típica da nossa sociedade.

8- Recortar palavras de um jornal e metê-las num saco. Agitar, despejar e formar com elas um texto pela sua ordem de saída. Depois, compor um texto, completando-o e dando-lhe uma forma minimamente lógica.

Mudam-se os tempos, muda a canção
Muda o responsável, muda o leilão
Seja Primavera, seja Verão,
Vivem os portugueses em grande opressão.

Dizem as finanças com convicção
Comam as cascas, deixem o grão
Com mão de ferro, reina a opressão.
(Helena, Teodoro, Fernando, Anabela, Drª Dina)

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Sente-se sozinho?
Estacione o carro, compre jóias e um relógio. Avance pelo mundo, por favor, traga a factura que a campanha da Kellogs Special K paga.
Não perca tempo!
A oferta é limitada!
(Rogério, Olímpia, Deolinda, Cecília)

NÃO à Igualdade
Viva a ditadura
NÃO à democracia
Viva a tirania
NÃO à execução dos serralheiros
Viva o capitalismo
NÃO à harmonia
Viva a celulite
NÃO à liberdade
Viva o nudismo no Salazarismo
NÃO à sobriedade
Viva o alcoolismo
NÃO ao ouro e sim ao “Passat”
Viva a discriminação
NÃO à informática
PROCURA-SE MODERNIDADE…
(Ana,Augusta,Anunciação,Natividade)

9- Com diferentes associações de palavras, construir um texto.

"Menina dos olhos… não gosto de molhos.
Couro cabeludo… gatinho peludo.
Ossos da bacia… tanto que ela ria.
Maçãs do roso… coradas com mosto.
Vasos sanguíneos… tão rectilíneos.
Céu da boca… cabeça oca.
Barriga da perna… não vou à taberna.
À flor da pele… lábios de mel.
Pele de galinha… Vou à madrinha.
Boca do estômago… estômago na boca…
Que ideia louca!"
(Helena, Teodoro, Fernando, Anabela, Drª Dina)

"Nós professores queixávamo-nos, andávamos cabisbaixos, deprimidos, vivíamos isolados, trabalhávamos sem motivação porque tínhamos apenas um ou dois alunos.
Eis que aparece a Srª ministra que, com o seu discurso traz água no bico. Faz-nos crescer água na boca com as suas promessas. Acentuou que, águas passadas não movem moinhos. Então, passarão a sentir-se como peixe na água. Turmas numerosas, escola a tempo inteiro e o seu discurso é persistente. A plataforma sindical continua a fazer uma tempestade num copo de água, depois de tanta retórica, afinal, tudo ficou em águas de bacalhau. Mas, caros professores! Nunca digam, desta água não beberei!..."
(Rogério, Olímpia, Deolinda, Cecília)

Figo tem cuidado! …
Se quiseres comer o pão que o diabo amassou mistura alhos com bugalhos, mete-te em assados, puxa a brasa à tua sardinha e vai tirando nabos da púcara deste e daquele…
Mas, se pensas que desta forma tens a faca e o queijo na mão, podes estar enganado! …
Pode começar a cheirar a esturro, do teu lado. Pois, o caldo pode entornar e alguém aproveitar, chamando-lhe um figo à grande confusão.
(Ana, Augusta,Anunciação,Natividade)
FORMADORA: Alexandra Subtil

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